quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Contam os bardos uma história mui antiga
Ocorrida na ilha perdida,
antiga ilha Boudica,
Agora engolida
Pelo impiedoso oceano

Havia uma rapariga,
e que bela que era,
com tez e cabelos dourados
e olhos de um azul profundo
como se engolissem o mundo
sem nunca estarem cansados.

Era um espírito livre
para desgosto dos pais
que a queriam casada com um senhor
O senhor do seu país
Mas o seu único amor
O seu único amor era o mar

E o Deus do mar viu-a
A ela, perfeita, nua
Tomando banho no elemento que partilhavam

A rapariga notou que observada era
Mas não fugiu
Não se escondeu
Abraçou-o, pois reconheceu-o
Como o seu amor, como o mar

Era uma união perfeita
Sincera, inocente
Mas tal amor tão puro
Não poderia durar para sempre

A Deusa do céu havia-se apaixonado
E quem seria o seu enamorado?
Por quem suspirava sem parar?
Não era outro se não o Deus do mar

Quando descobriu a união entre o Deus e a mortal
Ficou roída pelo ciúme e com uma raiva doentia
Jurou separar os amantes
Distancia-los,
Mante-los distantes

Certo percebeu que palavras vãs
E mentiras envenenadas
De nada iriam resultar
Para o casal separar

Matou então a rapariga
Num golpe de traição
Um punhal no coração
E enterrou-a na terra
E selou o amante no mar

"Já não a podes alcançar"
gozou a Deusa com gosto,
"Recusaste o meu amor,
sem mais amor ficarás
Uma eternidade viverás
E no teu coração nascerá o desgosto"

E o mar, desesperado,
Estica os longos braços pelo areal
Formando ondas
Tentando, em vão, a amada alcançar
E ele todo o dia suspira
Triste, pela sua trágica história de amor.

in "Lendas de Kseth"


Quero uma bolacha :(